terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Algo sobre passeios e Big Bang



Passeando pelo mundo a gente conhece mais gente, lugares, coisas, culturas, formas de viver. O passeio dito aqui não é o simples sair andando por aí, como um errante desordenado, mas um passeio da alma em encontro com outras almas. Refere-se ao passeio da aprendizagem contínua, renovada e reciclada. Este passear é um verbo diferenciado, porque como já foi dito, não é apenas sair caminhando, viajando, conhecendo sem haver entrega. Para o passeio no caminho da aprendizagem é imprescindível entregar-se, atirar-se em direção ao conhecer.

Existem pessoas que colecionam fotos de lugares visitados, de pessoas conhecidas, de viagens caras, mas que não existiu nenhuma entrega, nenhuma troca de energia verdadeira em todos estes caminhos. As coisas simplesmente podem apenas ter passado, ficaram fotos, registros mecânicos, mas poucos registros emocionais. Também tem aqueles que pouco viajaram, que pouco conheceram de lugares incríveis a nível turístico, mas que fizeram viagens fantásticas em cada encontro que tiveram na vida. Essas pessoas sabem se entregar ao divino que é cada encontro. Souberam valorizar cada vivência, extraindo o máximo de cada resquício ou inundação que passaram. São as que aprendem mesmo; aquelas que não têm medo de ir ao encontro sem saber o que vem por aí. Passeiam no mundo, nas pessoas, nos livros, nos filmes, simplesmente elas passeiam de verdade, genuinamente. Dão valor a cada pessoa que conhecem, sabem reconhecer a riqueza de cada uma, pois se entregam e sabem que cada momento pode ser único e final.

Em contrapartida, existem outros tipos de seres humanos que invalidam o seu próprio processo de aprendizagem. São resistentes a entrega, colecionam coisas materiais, até mesmo possuem boas estruturas intelectuais, mas pouco caminharam nessa trajetória do aprender. O processo de adquirir conhecimento nem sempre vem dos livros ou das inúmeras teorias, ideologias e filosofias. O aprender vem da necessidade de se saber, de se entregar a cada sensação e experiência, de valorizar pequenas coisas e pequenos vôos. É um processo contínuo e cansativo, onde se erra e se recupera o fôlego.

O homem que aprende é aquele que possui algumas cicatrizes, sejam físicas, sejam da alma. Foi aquele homem que soube dar bons passeios e que ainda quer e não teme em caminhar mais. Ninguém falou que a história da vida seria fácil.  Se para o mundo se constituir mundo foi necessário um “Big Bang”, segundo teorias evolucionistas, para se constituir enquanto ser humano, não há problema em vivenciar algumas explosões internas em cada caminhada. O importante é seguir passeando...