sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Sobre pesquisas e encontros

“O que fazer quando se está angustiado?” buscou no Google, o homem aflito. Ele sabe que tudo o que tem dúvida ele consegue achar ou no Wikipédia ou no Yahoo Respostas, mas esta questão não conseguiu ser respondida. O que incomodava muito ele era a sua situação persistente de angústia, de ansiedade. O homem a todo o tempo tentava se desfazer desses sentimentos. Ele já sentia que isso era algo que estava durando muito. Esse homem procurou entrar numa academia, procurou fazer terapia, procurou meditar, procurou ler, procurou dividir com amigos e até procurou previsões místicas e esotéricas. Mas nada parecia curar aquele vazio enorme do homem; aquela onda de coisas que sucessivamente davam errado. Todas as esferas de sua vida não pareciam caminhar bem. Faltava tudo para aquele homem e ele só conseguia enxergar perdas e mais perdas pelo seu caminho. O que se tinha de adicional prazeroso era tão pouco perto da imensidão daquele mar de coisas ruins. Então o homem começou a se fechar, ficou com medo da doença e esse homem vive eternamente num estado de angústia. Pula de galho em galho na sua mente tentando utilizar toda a sua inteligência adquirida na tentativa encontrar a solução para sair desse estado. Nunca se sentiu tão sozinho e perdido, o homem. Dói muito para ele achar essa solução, ele se sente vulnerável. Conversa com as pessoas, fala na sua terapia, mas nada lhe acalma. O fato desse homem está só ainda lhe dificulta mais as coisas, pensa que se tivesse uma companheira que te desse a mão fosse muito mais fácil suportar essas agruras. Nessas tentativas de sair desse quadro, o homem saía bastante, procurava lugares que gostava, fazia de tudo para tirar de cena o fantasma angustiante. Ele não queria está só com ele mesmo. Nem com ele nem com o fantasma que ele sentia lhe acompanhar o tempo todo. Depois de muito tempo entre fugas, esquivas, promessas, orações e aconselhamentos, o homem pensou numa coisa diferente. Ele sabia que o que mais trazia para perto dele aquela angustia era o medo. Ele sentia medo da solidão, sentia medo da doença, sentia medo de não conseguir ser estabilizado financeiramente, sentia medo do insucesso. Quando o homem se viu tomado por todos esses medos ele viu a lâmpada que se vê nos desenhos animados. É bem verdade que ele já viu essa lâmpada outras vezes em suas tentativas. Mas dessa vez a lâmpada emitia um brilho diferente, a lâmpada convocava o homem para um encontro. Ele percebeu esse convite e se deixou seduzir por aquela idéia que lhe causa sentimentos ambíguos. O convite que o homem recebia era de se encontrar com alguém. Mas não era mais um daqueles encontros vazios, era o encontro mais importante que ele deveria ter. Então o homem se preparou, fez a sua barba naquela noite, se perfumou e colocou o seu melhor terno.  Estava impecável por fora, o homem. Quem o via sabia que ele estava na expectativa de um grande encontro. Foi então que ele viu que era chegada a hora. Durante décadas da sua vida aquele homem jamais pensou em mergulhar naquilo, foi então que ele deixou se levar para onde a lâmpada acendia a luz com muita intensidade. O homem estava caminhando para encontrar com ele mesmo. Pé a pé, lentamente, consciente, esperançoso e cheio de dúvidas e medos sim. O homem permitiu não fugir do seu próprio encontro e se jogou de corpo e alma. O homem conseguiu encarar de frente o fantasma dele, humano que é. Viu de perto e sozinho todos os males que se causava e todos os medos de que corria. Nesta noite de encontro, o homem viu de tudo nele. Viu prazeres, dores, amores, dúvidas, anseios, angústias. Finalmente o homem, no ato sexual com ele mesmo, chega ao gozo de si em si mesmo. Finalmente, ao amanhecer, o homem ainda tem a companhia do seu vazio e da sua angustia. Porém ele sabe que aquilo é constituinte dele, faz parte de sua natureza, sendo ela humana. O homem levantou, se olhou no espelho e sentia uma enorme vontade de si. Sentou-se a mesa e preparou um maravilhoso café para ele e também para ele mesmo.  Quando saiu de casa, o dia se fez claro e bonito lá fora e, de mãos dadas, caminhou na companhia de si.